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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Você tem Dúvidas acerca de Cristo?



Pergunta: "É Jesus um mito? É Jesus apenas uma cópia dos deuses pagãos de outras religiões antigas?"

Resposta: Há uma série de vozes alegando que os relatos de Jesus como registrados no Novo Testamento são apenas mitos e foram o resultado dos escritores pegando emprestado contos da mitologia pagã, tais como as histórias de Osíris, Dionísio, Adonis, Attis e Mitra. A alegação é que essas figuras mitológicas são essencialmente a mesma história que o Novo Testamento atribui a Jesus Cristo de Nazaré. Como Dan Brown afirma em O Código Da Vinci, "Nada no Cristianismo é original."

No entanto, quando os fatos são examinados, a suposta ligação entre o Novo Testamento e a mitologia é facilmente desmentida. Para descobrir a verdade sobre essas afirmações particulares e outras parecidas, é importante (1) descobrir a história por trás das afirmações, (2) analisar as representações históricas reais dos falsos deuses sendo comparados a Cristo, (3) expor as falácias lógicas que os autores estão fazendo, e (4) olhar por que os evangelhos do Novo Testamento podem ser confiados por descreverem com precisão o verdadeiro e histórico Jesus Cristo.

Em primeiro lugar, as alegações de que Jesus era um mito ou um exagero originaram-se nos escritos dos teólogos liberais alemães do século 19. Eles essencialmente alegaram que o Cristianismo era apenas uma cópia da adoração generalizada dos deuses da fertilidade morrendo e ressuscitando em vários lugares -Tamuz na Mesopotâmia, Adônis na Síria, Attis na Ásia Menor e Osíris no Egito. Nenhum destes escritos chegaram a avançar no âmbito acadêmico ou do pensamento religioso porque as suas afirmações foram investigadas por estudiosos e julgadas completamente infundadas. Foi somente no final século 20 e início do 21 que estas afirmações foram ressuscitadas, principalmente devido ao surgimento da internet e da distribuição em massa de informação que não tem qualquer fundamento ou responsabilidade histórica.

Isso nos leva à próxima área de investigação - os deuses mitológicos da antiguidade realmente espelham a pessoa de Jesus Cristo? Como exemplo, o filme Zeitgeist faz estas afirmações sobre o deus egípcio Hórus:

• Ele nasceu em 25 de dezembro de uma virgem - Isis Maria
• Uma estrela no Oriente proclamou a sua chegada
• Três reis foram adorar o "salvador" recém-nascido
• Aos 12 anos de idade, quando ainda um menino, ele tornou-se um professor prodígio
• Aos 30 anos ele foi "batizado" e começou um "ministério"
• Hórus tinha doze "discípulos"
• Hórus foi traído
• Ele foi crucificado
• Ele foi sepultado por três dias
• Ele foi ressuscitado depois de três dias

No entanto, quando os escritos atuais sobre Hórus são competentemente analisados, isto é o que encontramos:

• Hórus nasceu a Ísis; não há qualquer menção na história de sua mãe sendo chamada de "Maria". Além disso, Maria é a nossa forma latinizada de seu nome verdadeiro "Miryam" ou Miriam. "Maria" não foi nem usado nos textos originais das Escrituras. • Ísis não era virgem; ela era a viúva de Osíris, com quem concebeu Hórus.
• Hórus nasceu durante o mês de Khoiak (outubro/novembro) e não no dia 25 de dezembro. Além disso, a Bíblia não menciona a data exata do nascimento de Cristo.
• Não há qualquer registro de três reis visitando Hórus em seu nascimento. A Bíblia nunca afirma o real número de magos que foram ver Cristo.
• Hórus não é um "salvador" de qualquer forma e nunca morreu por ninguém.
• Não há relatos de Hórus sendo um professor aos 12 anos de idade.
• Hórus não foi "batizado". O único relato de Hórus que envolve a água é uma história onde ele é despedaçado e Ísis pede ao deus crocodilo que o pesque da água onde havia sido colocado.
• Hórus não tinha um "ministério".
• Hórus não tinha 12 discípulos. De acordo com as narrativas, Hórus tinha quatro semi-deuses que eram seguidores e algumas indicações de 16 seguidores humanos e um número desconhecido de ferreiros que entraram em batalha com ele.
• Não existe nenhuma narrativa de Hórus sendo traído por um amigo.
• Hórus não morreu por crucificação. Há vários relatos da morte de Hórus, mas nenhum deles envolve a crucificação.
• Não existe nenhum relato de Hórus sendo sepultado por três dias.
• Hórus não foi ressuscitado. Não existe nenhuma narrativa de Hórus saindo do túmulo com o mesmo corpo de quando entrou. Alguns relatos narram Hórus/Osíris sendo trazidos de volta à vida por Ísis e sendo o senhor do submundo.

Então, quando comparados lado a lado, Jesus e Hórus têm pouca, ou nenhuma, semelhança um com o outro. Uma outra comparação popular feita por aqueles que afirmam que Jesus Cristo é um mito é entre Jesus e Mitra. Todas as declarações acima acerca de Hórus são aplicadas a Mitra (isto é, nascido de uma virgem, sendo crucificado, ressuscitando em três dias, etc.). Entretanto, o que os textos antigos realmente dizem sobre Mitra?

• Ele nasceu de uma rocha sólida e não de qualquer mulher.
• Ele lutou primeiro com o sol e em seguida com um touro primitivo, o que é considerado o primeiro ato da criação. Mitra matou o touro, o qual se tornou a base da vida para a raça humana.
• O nascimento de Mitra foi celebrado no dia 25 de dezembro, juntamente com o solstício de inverno.
• Não há menção dele sendo um grande professor.
• Não há menção de Mitra tendo 12 discípulos. A ideia de que Mitra teve 12 discípulos pode ter vindo de um mural em que Mitra é cercado por doze signos do Zodíaco.
• Mitra não teve uma ressurreição corporal. Diz o mito que Mitra concluiu sua missão terrena e em seguida foi levado para o paraíso em uma carruagem, vivo e bem. O escritor cristão primitivo Tertuliano escreveu sobre os seguidores de Mitra reencenando as cenas de ressurreição, mas ele escreveu sobre isso ocorrendo bem depois dos tempos do Novo Testamento, por isso, se qualquer plágio foi feito, o culto de Mitra foi quem copiou o Cristianismo.

Mais exemplos podem ser dados de Krishna, Átis, Dionísio e outros deuses mitológicos, mas o resultado é o mesmo. No final, o Jesus histórico, como retratado na Bíblia, é completamente original. As semelhanças reivindicadas são muito exageradas. Além disso, embora a crença em Hórus, Mitra e outros preceda o Cristianismo, há muito pouco registro histórico das crenças pré-cristãs dessas religiões. A grande maioria dos primeiros escritos sobre essas religiões são datadas dos séculos III e IV dC. É ilógico e anti-histórico reivindicar que as crenças pré-cristãs nessas religiões (das quais não há registro) foram idênticas às crenças pós-cristãs nestes grupos (das quais há registo). É mais historicamente válido atribuir eventuais semelhanças entre as religiões e o Cristianismo às religiões copiando as crenças cristãs sobre Jesus e dando esses atributos aos seus próprios deuses/salvadores/fundadores em uma tentativa de parar o rápido crescimento do Cristianismo.

Isso nos leva a analisar a próxima área: as falácias lógicas cometidas por aqueles que afirmam que o Cristianismo pegou emprestado das misteriosas religiões pagãs. Duas falácias em particular são evidentes -- a falácia da falsa causa e a falácia terminológica. Se uma coisa precede a outra, isso não significa que a primeira causou a segunda. Esta é a falácia da falsa causa. Mesmo se as narrativas pré-cristãs de deuses mitológicos muito se assemelhassem a Cristo (e não se assemelham), isso não significa que elas causaram os escritores do evangelho a inventar um falso Jesus. Afirmar tal coisa seria como dizer que a série de TV Jornada nas Estrelas causou o programa de foguetes espaciais da NASA.

A falácia terminológica ocorre quando os termos são redefinidos para provar um ponto, quando na verdade esses termos não significam a mesma coisa quando comparados à sua fonte. Assim, por exemplo, o filme Zeitgeist diz que Hórus "iniciou o seu ministério", mas Hórus não tinha um ministério - nada parecido com o ministério de Cristo. Os que afirmam que Jesus e Mitra são o mesmo falam sobre o "batismo" que iniciava os possíveis aderentes ao culto de Mitra, mas o que realmente acontecia? Os sacerdotes Mitra (usando um ritual também realizado pelos seguidores de Átis) suspendiam um touro sobre um buraco, colocavam aqueles que queriam pertencer ao culto naquele buraco e então cortavam o estômago do boi, cobrindo os iniciantes com sangue. Tal coisa não tem semelhança alguma com o batismo cristão, no qual uma pessoa vai debaixo d’água (simbolizando a morte de Cristo) e depois sai da água (simbolizando a ressurreição de Cristo). Entretanto, os defensores da posição do Jesus mitológico enganosamente usam o mesmo termo para descrever ambos na esperança de unir os dois.

A última questão a ser examinada acerca deste assunto é a veracidade do próprio Novo Testamento. Embora muito tenha sido escrito sobre este tema, nenhum trabalho da antiguidade tem mais evidências no que diz respeito à veracidade histórica do que o Novo Testamento. O Novo Testamento tem mais escritores (nove), melhores escritores e escritores que viveram mais perto do que estava sendo registrado do que qualquer outro documento da época. Além disso, a história comprova o fato de que esses escritores enfrentaram a morte para afirmar que Jesus tinha ressuscitado dos mortos. Embora alguns escolham morrer por uma mentira que acham ser verdade, ninguém morre por uma mentira que sabe ser falsa. Pense nisso -- se alguém estivesse prestes a crucificá-lo de cabeça para baixo, como aconteceu com o apóstolo Pedro, e tudo o que você tivesse que fazer para salvar a sua vida fosse renunciar uma mentira que você tinha vivido conscientemente, o que você faria?

Além disso, a história tem mostrado que são necessárias pelo menos duas gerações antes de um mito poder entrar em um relato histórico. Por quê? Porque as testemunhas oculares podem refutar o erro registrado. Os que viviam naquela época poderiam ter refutado os erros do autor e expor o trabalho como sendo falso. Todos os evangelhos do Novo Testamento foram escritos durante a vida das testemunhas oculares, com algumas das epístolas de Paulo sendo escritas tão cedo quanto 50 dC. Essas datas servem como um mecanismo essencial de proteção contra eventuais falsidades sendo aceitas e difundidas.

Finalmente, o Novo Testamento atesta o fato de que a representação de Jesus não foi confundida com a de qualquer outro deus. Quando confrontados com o ensinamento de Paulo, os pensadores da elite de Atenas disseram isto: "’O que está tentando dizer esse tagarela?’ Outros diziam: ‘Parece que ele está anunciando deuses estrangeiros’, pois Paulo estava pregando as boas novas a respeito de Jesus e da ressurreição. Então o levaram a uma reunião do Areópago, onde lhe perguntaram: ‘Podemos saber que novo ensino é esse que você está anunciando? Você está nos apresentando algumas idéias estranhas, e queremos saber o que elas significam’” (Atos 17:18-20). É evidente que se as narrativas sobre Jesus fossem simplesmente um arranjo de contos de outros deuses, os atenienses não teriam se referido a elas como sendo "novas". Se deuses morrendo e ressuscitando fossem abundantes no primeiro século, por que quando o apóstolo Paulo pregou sobre Jesus ressuscitando dos mortos em Atos 17 os epicuristas e estoicos não comentaram: "Ah, assim como Hórus e Mitra"?

Em conclusão, as alegações de que Jesus não era nada mais do que uma cópia dos deuses mitológicos originaram-se com autores cujas obras (1) têm sido descartadas pelo mundo acadêmico; (2) contêm falácias lógicas que prejudicam a sua veracidade e não podem ser comparadas com os evangelhos do Novo Testamento, os quais têm resistido quase 2.000 anos de intenso escrutínio. Os supostos paralelos desaparecem quando comparados com os textos originais históricos. Semelhanças entre Jesus e os vários deuses mitológicos só podem ser defendidas ao empregar-se descrições enganosas e seletivas.

Jesus Cristo permanece único na história, com Sua voz elevando-se acima de todos os deuses falsos e continuando a fazer a pergunta que, em última análise, determina o destino eterno de cada pessoa: "Quem dizeis que eu sou?" (Mateus 16:15)

Texto retirado do site Got Questions.org

Mais Algumas Perguntas Sobre Jesus




Pergunta: "Quais são os diferentes nomes e títulos de Jesus Cristo?"

Resposta: Existem cerca de 200 nomes e títulos de Cristo encontrados na Bíblia. A lista a seguir inclui apenas alguns dos mais proeminentes, organizados em três seções de acordo com nomes que refletem a natureza de Cristo, a Sua posição na tri-unidade de Deus e a Sua obra na terra em nosso favor.

A Natureza de Cristo
Pedra Angular: (Efésios 2:20) - Jesus é a pedra angular do edifício da Sua Igreja. Ele cementa juntos os judeus e gentios, homens e mulheres – todos os santos de todas as épocas e lugares em uma estrutura construída sobre a fé nEle, a qual é compartilhada por todos.

Primogênito de toda a criação: (Colossenses 1:15) - Não a primeira coisa que Deus criou, como alguns afirmam de forma incorreta, porque o versículo 16 diz que todas as coisas foram criadas por e para Cristo. Em vez disso, o significado é que Cristo ocupa o posto e preeminência do primogênito sobre todas as coisas, que Ele sustenta a posição mais exaltada no universo, que Ele é preeminente sobre todos os outros e é o cabeça de todas as coisas.

Cabeça da Igreja: (Efésios 1:22, 4:15; 5:23) - Jesus Cristo, não um rei ou um papa, é o único governante supremo e soberano da Igreja, ou seja, daqueles por quem Ele morreu e que têm colocado sua fé nEle para obter a salvação.

Santo: (Atos 3:14, Salmo 16:10) - Cristo é santo, tanto em sua natureza divina quanto humana, e a fonte de santidade ao Seu povo. Pela Sua morte, somos feitos santos e puros diante de Deus.

Juiz: (Atos 10:42; 2 Timóteo 4:8) - O Senhor Jesus foi designado por Deus para julgar o mundo e dispensar as recompensas da eternidade.

Rei dos reis e Senhor dos senhores: (1 Timóteo 6:15, Apocalipse 19:16) - Jesus tem domínio sobre todas as autoridades da terra, sobre todos os reis e governantes, e ninguém pode impedi-lo de realizar os seus propósitos. Ele os dirige como lhe agrada.

Luz do Mundo: (João 8:12) - Jesus entrou em um mundo escurecido pelo pecado e derramou a luz da vida e a verdade por meio de Sua obra e Suas palavras. Jesus abre os olhos daqueles que confiam nEle e andam na luz.

Príncipe da paz: (Isaías 9:6) - Jesus não veio trazer paz ao mundo como na ausência de guerra, mas a paz entre Deus e o homem que estavam separados pelo pecado. Ele morreu para reconciliar os pecadores a um Deus santo.

Filho de Deus: (Lucas 1:35; João 1:49) - Jesus é o "unigênito do Pai" (João 1:14). Usado 42 vezes no Novo Testamento, o termo "Filho de Deus" afirma a divindade de Cristo.

Filho do homem: (João 5:27) - Usado como um contraste com "Filho de Deus", esta frase afirma a humanidade de Cristo que existe ao lado de Sua divindade.

Palavra: (João 1:1, 1 João 5:7-8) - A Palavra é a segunda pessoa da trindade, o que falou e assim foi feito, o que falou todas as coisas à existência do nada na primeira criação, o que estava no princípio com Deus Pai, e era Deus, e por quem todas as coisas foram criadas.

Palavra de Deus: (Apocalipse 19:12-13) - Este é o nome dado ao Cristo que é desconhecido por todos, menos por Si mesmo. Esse termo denota o mistério da Sua pessoa divina.

Palavra de Vida: (1 João 1:1) - Jesus não só falou palavras que conduzem à vida eterna, mas de acordo com este versículo, Ele é as próprias palavras de vida, referindo-se à vida eterna de alegria e satisfação que Ele proporciona.

Sua posição na trindade
Alfa e Ômega: (Apocalipse 1:8; 22:13) - Jesus declarou ser o início e o fim de todas as coisas, uma referência ao verdadeiro Deus e ninguém mais. Esta declaração de eternidade só pode ser aplicada a Deus.

Emanuel: (Isaías 9:6, Mateus 1:23) - Literalmente "Deus conosco". Tanto Isaías quanto Mateus afirmam que o Cristo que nasceria em Belém seria o próprio Deus que veio à Terra na forma de um homem para viver entre o Seu povo.

Eu Sou: (João 8:58, com Êxodo 3:14) - Quando Jesus atribuiu a Si mesmo este título, os judeus tentaram apedrejá-lo por blasfêmia. Eles compreenderam que Jesus estava declarando ser o Deus eterno,o imutável Jeová do Antigo Testamento.

Senhor de todos: (Atos 10:36) - Jesus é o Senhor soberano sobre o mundo inteiro e todas as coisas nele contidas, de todas as nações do mundo, e particularmente do povo escolhido de Deus, tanto gentios quanto judeus.

Verdadeiro Deus: (1 João 5:20) - Esta é uma afirmação direta de que Jesus, sendo o verdadeiro Deus, não é apenas divino, mas é o Divino. Já que a Bíblia ensina que há somente um Deus, isso só pode estar descrevendo a Sua natureza como parte do Deus triúno.

Sua obra na Terra
Autor e Consumador da nossa fé: (Hebreus 12:2) - A salvação é alcançada através da fé que é dom de Deus (Efésios 2:8-9) e Jesus é o fundador da nossa fé e o seu consumador também. Do primeiro ao último, Ele é a fonte e o sustentador da fé que nos salva.

Pão da Vida: (João 6:35; 6:48) - Assim como o pão sustenta a vida no sentido físico, Jesus é o Pão que dá e sustenta a vida eterna. Deus providenciou o maná no deserto para alimentar o seu povo, e Ele providenciou Jesus para nos dar a vida eterna através do Seu corpo partido por nós.

Noivo: (Mateus 9:15) – O retrato de Cristo como o Noivo e a Igreja como a Sua Noiva revela a relação especial que temos com Ele. Estamos ligados uns aos outros em uma aliança de graça que não pode ser quebrada.

Redentor: (Romanos 11:26) - Assim como os israelitas precisavam que Deus os libertasse da escravidão do Egito, assim Cristo é o nosso Redentor da escravidão do pecado.

Bom Pastor: (João 10:11,14) - Nos tempos bíblicos, um bom pastor estava disposto a arriscar a sua própria vida para proteger as suas ovelhas dos predadores. Jesus deu a Sua vida por Suas ovelhas e Ele cuida, nutre e nos alimenta.

Sumo Sacerdote: (Hebreus 2:17) - O sumo sacerdote judeu entrava no templo uma vez por ano para fazer expiação pelos pecados do povo. O Senhor Jesus executou essa função por Seu povo de uma vez por todas na cruz.

Cordeiro de Deus: (João 1:29) - A Lei de Deus exigia o sacrifício de um cordeiro perfeito e imaculado como expiação pelo pecado. Jesus se tornou o Cordeiro levado mansamente para o abate, mostrando a Sua paciência em Seus sofrimentos e a Sua prontidão para morrer pelos que lhe pertence.

Mediador: (1 Timóteo 2:5) - Um mediador é um que fica entre duas partes para reconciliá-las. Cristo é o único Mediador que reconcilia os homens a Deus. Orar a Maria ou aos santos é idolatria porque ignora esse papel mais importante de Cristo (o de Mediador), atribuindo-lhe a outro.

Rocha: (1 Coríntios 10:4) – Assim como a água que dá vida fluiu da rocha que Moisés bateu no deserto, Jesus é a Rocha da qual fluem as águas vivas da vida eterna. Ele é a Rocha sobre a qual construímos nossas casas espirituais, de modo que nenhuma tempestade possa sacudi-las.

Ressurreição e a Vida: (João 11:25) - Em Jesus encontramos o meio para ressuscitar os pecadores à vida eterna, assim como Ele ressuscitou dentre os mortos. Nosso pecado é sepultado com Ele, e somos ressuscitados para andar em uma nova vida.

Salvador: (Mateus 1:21, Lucas 2:11) - Ele salva o Seu povo ao morrer para redimi-los, ao dar-lhe o Espírito Santo para renová-los pelo Seu poder, ao capacitá-los a enfrentar os seus inimigos espirituais, ao sustentá-los durante as provações e morte e ao ressuscitá-los no último dia.

Videira Verdadeira: (João 15:1) – A Videira Verdadeira fornece tudo de que os ramos (crentes) necessitam para produzirem o fruto do Espírito -- a água vida da salvação e o alimento da Palavra.

Caminho, Verdade, Vida: (João 14:6) - Jesus é o único caminho para Deus, a única verdade em um mundo de mentiras e a única fonte verdadeira da vida eterna. Ele incorpora todos os três tanto em um sentido temporal quanto eterno.

Retirado do site Got Questions.org

Algumas Perguntas Sobre Jesus



Pergunta: "Jesus é Deus? Alguma vez Jesus afirmou ser Deus?"


Resposta: Na Bíblia não há registros de Jesus dizendo, palavra por palavra: “Eu sou Deus”. Entretanto, isto não significa que Ele não tenha afirmado ser Deus. Como exemplo, tome as palavras de Jesus em João 10:30: “Eu e o Pai somos um.” Em um primeiro olhar, isto pode não parecer uma afirmação de Jesus em ser Deus. Entretanto, perceba a reação dos judeus a Sua afirmação: “Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (João 10:33). Os judeus compreenderam a afirmação de Jesus como uma declaração em ser Deus. Nos versículos seguintes Jesus não corrige os judeus dizendo: “Eu não afirmei ser Deus.” Isto indica que Jesus realmente estava dizendo que era Deus ao declarar: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30). João 8:58 nos dá outro exemplo: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.” Mais uma vez, em resposta, os judeus tomaram pedras em uma tentativa de apedrejar Jesus (João 8:59). Por que os judeus iriam querer apedrejar Jesus se Ele não tivesse dito algo que criam ser uma blasfêmia, ou seja, uma afirmação em ser Deus?

João 1:1 diz que “o Verbo era Deus.” João 1:14 diz que “o Verbo se fez carne.” Isto claramente indica que Jesus é Deus em carne. Atos 20:28 nos diz: “...Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” Quem comprou a igreja com Seu próprio sangue? Jesus Cristo. Atos 20:28 declara que Deus comprou a igreja com Seu próprio sangue. Portanto, Jesus é Deus!

Tomé, o discípulo, declarou a respeito de Jesus: “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20:28). Jesus não o corrige. Tito 2:13 nos encoraja a esperar pela volta de nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo (veja também II Pedro 1:1). Em Hebreus 1:8, o Pai declara a respeito de Jesus: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino.”

Em Apocalipse, um anjo instruiu o Apóstolo João para que adorasse a Deus (Apocalipse 19:10). Nas Escrituras, várias vezes Jesus recebe adoração (Mateus 2:11; 14:33; 28:9,17; Lucas 24:52; João 9:38). Ele nunca reprova as pessoas quando recebe adoração. Se Jesus não é Deus, Ele teria dito às pessoas para não ser adorado, assim como fez o anjo em Apocalipse. Há muitos outros versículos e passagens das Escrituras que atestam a favor da divindade de Jesus.

A razão mais importante para Jesus ser Deus é que se Ele não o fosse, Sua morte não teria sido suficiente para pagar a pena pelos pecados do mundo inteiro (I João 2:2). Somente Deus poderia pagar preço tão infinito. Somente Deus poderia carregar os pecados do mundo (II Coríntios 5:21), morrer e ressuscitar, provando Sua vitória sobre o pecado e a morte.




Pergunta: "Se Jesus era Deus, como é que Ele podia orar a Deus? Jesus estava orando a Si mesmo?"

Resposta: Para entender Jesus, como Deus na terra, orando ao Seu Pai no céu, precisamos entender que o Pai eterno e o Filho eterno tinham um relacionamento eterno antes de Jesus tornar-se humano. Por favor leia João 5:19-27, especialmente 5:23, onde Jesus ensina que o Pai enviou o Filho (leia também João 15:10). Jesus não se tornou o Filho de Deus quando nasceu em Belém muitos anos atrás. Ele sempre tem sido o Filho de Deus desde a eternidade passada, ainda é, e sempre será.

Isaías 9:6 nos diz que “um menino nos nasceu, um filho se nos deu”. Jesus (juntamente com o Espírito Santo) sempre fez parte do relacionamento trino. A trindade sempre existiu: Deus Pai, Deus Filho e o Espírito de Deus, não três deuses, mas um Deus que existe em três pessoas distintas. Jesus ensinou que Ele e o Seu Pai são um (João 10:30), o que significa que Ele e o Seu Pai são da mesma substância e essência. O Pai, Filho e Espírito Santo são três pessoas coiguais que existem como Deus. Esses três tinham e continuam a ter um relacionamento eterno.

Quando Jesus, o eterno Filho de Deus, tomou sobre Si perfeita humanidade, Ele também passou a ser um servo, deixando de lado a Sua glória celestial (leia Filipenses 2:5-11). Como o Deus-homem, Ele teve que aprender obediência (Hebreus 5:8) ao Pai ao ser tentado por Satanás, falsamente acusado pelos homens, rejeitado por Seu povo e eventualmente crucificado. Sua oração ao Pai Celestial era para pedir por poder (João 11:41-42) e sabedoria (Marcos 1:35; 6:46). A Sua oração enquanto na terra como um homem mostrou uma dependência no Pai para poder cumprir o plano de redenção do Deus Pai (note a oração de Cristo como o grande sacerdote em João 17). Sua oração demonstrava que Ele no fim das contas Se submeteu à vontade do Pai, a qual era que Jesus morresse na cruz para pagar pela penalidade (a morte) por termos quebrado a lei de Deus (Mateus 26:31-46). Como se sabe, Ele ressuscitou dos mortos corporalmente, ganhando o perdão e vida eterna a favor dos que se arrependem dos pecados e creem nEle como o seu Salvador.

Não há problema nenhum com o Deus Filho orando ou falando com o Deus Pai. Como mencionado anteriormente, eles tinham um relacionamento eterno antes de Cristo se tornar humano. Esse relacionamento foi descrito nos Evangelhos para que possamos ver como o Filho de Deus em Sua humanidade realizou a vontade de Seu Pai e, ao fazer isso, a redenção foi comprada para os Seus filhos (João 6:38). A contínua submissão de Cristo ao Seu Pai Celestial foi fortificada e focalizada através de Sua vida de oração. O exemplo de Cristo na área de oração nos foi deixado para que possamos seguir o Seu modelo.

Jesus Cristo não foi menos Deus na terra quando orava a Deus Pai no Céu. Ele estava descrevendo como até em humanidade perfeita é necessário ter uma vida de oração vigorosa para cumprir a vontade de Seu Pai. Jesus orar ao Pai foi uma demonstração do Seu relacionamento dentro da Trindade e um exemplo de como devemos depender de Deus através da oração para obter a força e sabedoria das quais precisamos. Se Cristo, como Deus-homem, precisava ter uma vigorosa vida de oração, quanto mais o seguidor de Cristo hoje!

Retirado do site Got Questions.org

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Uma Breve Entrevista com o Apóstolo Paulo


Caros irmãos, imaginemos um Sabatista/Legalista/Judaizante entrevistando o Apóstolo Paulo a respeito dos ensinos que procuram justificar o homem pelas obras, baseando as respostas no que o Apóstolo Paulo escreveu inspirado pelo Espírito Santo na Epístola aos Gálatas.


Entrevistador Sabatista/Judaizante/Legalista (empolgado): Amado Apóstolo Paulo, qual a sua opinião sobre as maravilhosas revelações dos profetas e visionários que surgiram no século XIX (Ellen White, Iran Edson, Guilherme Miller, etc)?

Apóstolo Paulo: Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho. (Gal 1:6)

Entrevistador S/J/L: Mas o senhor não acredita que todos eles oferecem uma "luz menor" que guia à "luz maior" que é a Bíblia?

Apóstolo Paulo: Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. (Gal 1:8)

Entrevistador S/J/L (com um sorriso amarelo): Mas o senhor não acredita que eles apenas estão ensinando detalhes que não são revelados na própria Bíblia?

Apóstolo Paulo: Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. (Gal 1:9)

Entrevistador S/J/L: err... mas o senhor não acredita que milhões de pessoas estão sendo "abençoadas" com os ensinamentos destes nossos profetas, além de todas as obras sociais e de ensino e ajuda humanitária? Não seria pecado questionar tudo isso?

Apóstolo Paulo: Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. (Gal 1:10)

Entrevistador S/J/L: Mas apóstolo, o senhor vai me desculpar, nós temos a revelação que o homem precisa, para servir a Deus, guardar o Sábado, abster-se de alimentos impuros, conforme a Lei.

Apóstolo Paulo: Todos aqueles, pois, que são da obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. (Gál 3:10)
[Obs: Os Sabatistas/Legalistas/Judaizantes se abstêm de guardar todo o conteúdo da lei, guardando apenas partes da lei. Alguns poucos exemplos são (não acender fogo no sábado, não guardar a páscoa e outros rituais e principalmente não aplicar as medidas punitivas que são descritas na lei concernente ao adultério, quebra do sábado e outros, que envolviam até morte por apedrejamento). Ora, se é pra guardar a lei, ou se guarda TODA ela ou não, incluindo as conseqüências descritas na mesma para quem é desobediente.]

Entrevistador S/J/L: Mas apóstolo, Deus não julgará todos aqueles que são obedientes e que, portanto serão aprovados por Jesus para que mereçam a salvação sendo justificados por obedecer os preceitos da lei?

Apóstolo Paulo: ...é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus... (Gal 3:11)

Entrevistador S/J/L: Mas como? Por quê?

Apóstolo Paulo: ...porque o justo viverá da fé. (Gal 3:11)

Entrevistador S/J/L: Mas apóstolo, o senhor está afirmando que Jesus não quer que guardemos os preceitos da Lei?

Apóstolo Paulo: Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro. (Gal 3:13)

Entrevistador S/J/L: Mas apóstolo, dessa forma o senhor não está destruindo um fundamento de salvação, isto é, a justificação pela lei, para todos aqueles que crêem no sacrifício de Cristo e na graça desta redenção?

Apóstolo Paulo: Não aniquilo a graça de Deus, porque se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde.(Gal 2:21)

Entrevistador S/J/L: Mas ..mas..pra que então foi mostrada a Lei?

Apóstolo Paulo: ...para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita... (Gal 3:19)

Entrevistador S/J/L: Mas se é assim a lei, não vai de encontro ao que Deus falou e prometeu?

Apóstolo Paulo: Logo, a lei é contra as promessa de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada um a lei que pudesse vivificar, a justiça na verdade, teria sido pela lei. (Gal 3:21)

Entrevistador S/J/L: Mas o que fez a escritura ao mostrar a lei, então?

Apóstolo Paulo: ... a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. (Gal 3:22)

Entrevistador S/J/L: Mas apóstolo, então, pra que serve a lei?

Apóstolo Paulo: ... a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fossemos justificados pela fé. (Gal 3:24)

Entrevistador S/J/L: Apóstolo, mas o que o senhor diria aos que guardam a lei? Não estão sendo sinceros para com Deus servindo-o melhor?

Apóstolo Paulo: Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei. Da Graça tendes caído. (Gal 5:4)

Entrevistador S/J/L: Mas estas pessoas não estão sendo o remanescente fiel e verdadeiro?

Apóstolo Paulo: Ó insensatos...quem vos fascinou para não obedecestes à verdade...(Gal 3:1)

Entrevistador S/J/L: Como então cumpriremos a lei?

Apóstolo Paulo: ...toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo com a ti mesmo. (Gal 5:14)

Entrevistador S/J/L: O senhor está sendo muito duro.

Apóstolo Paulo: Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade? (Gal 4:16)

Amigo, você que é Sabatista/Legalista/Judaizante, leia a Palavra de Deus e verá que o Senhor Jesus não morreu em vão. Converta-se dos seus caminhos de arrogância e de tentar obedecer aos "rudimentos fracos e pobres" (Gal 4:9). Por mais que você tente ser obediente, responda-me com sinceridade: Se você morresse hoje qual seria o seu destino? Você tem certeza da salvação? Aceite então o Senhor Jesus como Único e Suficiente Salvador, e seja salvo.
"Porque pela graça sois salvos, por meida fé, e isto não vem de vós, é Dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." Efésios 2:8 e 9.

Por Miguel Ângelo L. Maciel

*Miguel Ângelo L. Maciel é ex-Adventista, hoje um salvo pela Graça de Deus pelo Sacrifício do sangue derramado do Senhor Jesus Cristo na cruz do calvário.

Fonte: Desafio das Seitas nº32 -2004. Publicado com a autorização do Centro de Pesquisas Religiosas - CPR.

Retirado do blog " Desafio Cristão"

Mais Significados de Nomes Bíblicos



U

Urbano - civilizado.
Urias - Deus é luz.
Uriel - Deus é luz.
Uziel - forma tomada de Eleazar- Deus ajuda.

V

Vasti - a mais bela.

X

Xadai - o Todo-Poderoso, nome divino usado no Antigo Testamento.
Xamaxe - o Sol.
Xerxes - forma grega do nome hebraico Assuero.

Z

Zabulão - morada.
Zacarias - lembrado de Deus.
Zambri - ajudado por Deus.
Zaqueu - o puro.
Zará - Deus brilhou.
Zebe - variante de Orebe.
Zebedeu - derivado do nome Zabdi ou Zabdiel.
Zabdi ou Zabdiel - presente de Deus.
Zebulom - honra.
Zenas - presente de Zeus.
Zorobabel - broto de Babel.

Conheça o Significado de Seu Nome



R

Rabi - meu Senhor.
Rafael - Deus curou.
Raguel - amigo de Deus.
Raquel - ovelha.
Rebeca - a que liga, a que une.
Roboão - o povo dilatou-se.
Rode - rosa.
Romelia - Deus seja sublime.
Rubem - eis um filho.
Rufo - o ruivo.
Rute - plena de beleza ou amiga.

S

Sadoque - sagrado.
Safira - pedra preciosa.
Sálmana - sacrifício.
Salmon - luz, esplendor.
Salomão - prosperidade ou o sacrífico.
Salomé - sã e salva ou paz.
Samuel - ouvido por Deus.
Sansão - igual ao Sol.
Sara - soberana, princesa.
Sarasar - o deus Betel proteja o rei.
Sárvia - a perfumada com alma cega.
Saul - o implorado.
Saulo - forma grecizada do hebraico Saul.
Sedecias - Deus é minha ajuda.
Séfora - avé.
Sem - nome afamado.
Sete - compensação.
Silas - forma grecizada do nome Saul.
Silvano - forma latinizada do nome Silas.
Simão - o mesmo que Simeão.
Simeão - Deus ouviu.
Sofonias - Deus protege ou Jeová escondeu.
Sópatros - salvador de seu pai.
Sosípatros - salvador de seu pai.
Sóstenes - o robusto.
Sulamita - moça de Suném ou mulher digna de Salomão.
Susana - lírio.

T

Tabeel - Deus é bom.
Tabita - gazela.
Tadeu - o corajoso.
Tamar - tamareira.
Taré - bode.
Tebni - testa-de-ferro.
Teófilo - amado por Deus.
Tércio - o terceiro.
Tértulo - forma diminutiva de Tércio.
Tiago - forma vernácula de Jacó.
Timão - o honrado.
Timeu - forma reduzida de Bartimeu.
Timóteo - que honra a Deus.
Tíquico - o felizardo.
Tirano - senhor absoluto, usurpador do poder.
Tito - (latim) pombo selvagem, (grego) temente a Deus.
Tobias - Deus é bondoso.
Tomé - gêmeo.
Trófimo - filho de criação.
Tubal - ferreiro.

Você Sabe o que Significa seu Nome?




N

Naamã - a criança é amável.
Nabal - tolo.
Nabi - profeta.
Nabote - broto.
Nabucodonosor - Nabu proteja o filho.
Nacor - o roncador.
Nadabe - Deus mostrou-se generoso.
Naftali - lutador.
Natã - dádiva de Deus.
Natanael - dádiva de Deus.
Naum - Deus consola.
Nazireu - consagrado à Deus.
Neemias - Deus consola.
Nicanor - vencedor de homens.
Nicodemos - aquele que vence com o povo.
Nicolau - aquele que vence com o povo.
Nilo - (egípcio) o rio.
Noé - descanso.
Noemi - minha amenidade.

O

Obadias - servo do Senhor.
Obede - aquele que serve.
Ocozias - Deus segura minha mão.
Ofni - (do egípcio através do hebraico) rãzinha.
Onã - o robusto.
Onesíforo - que traz utilidade.
Onésimo - útil.
Onias - Deus é clemente.
Ooliabe - uma tenda é a divindade.
Oséias - Deus salva.
Osias - (Ozias).
Otoniel - leão de Deus.
Oza - (Uziel).
Ozias - uma das variantes de Azarias.
Oziel - variante de Uziel.

P

Pármenes - aquele que fica.
Pátrobas - que deve a vida ao pai.
Paulo - de baixa estatura.
Pedro - pedra, rocha.
Pérside - a persa.
Pilatos - armado de lança.
Prisca - anciã, a venerável.
Públio - público, popular.
Pudente - pudente, pudoroso, casto.
Putifar - dado pelo sol.

Q

Querubim - Deus abençoa ou Deus é louvado.

Qual o Significado de Seu Nome?



Habacuque - abraço.
Hades - o invisível.
Hagite - nascida numa festa.
Hamurábi - o quente.
Hanâni - Deus compadeceu-se.
Hanom - compadecer-se.
Hazael - Azael.
Héber - companheiro.
Hélcias - Deus é a minha sorte.
Heli - o Senhor é excelso.
Heliodoro - dádiva do deus-sol.
Hemã - feliz Henoque - Enoque.
Hermas - dádiva de.
Hermes - (deus grego).
Hermógenes - descendente de.
Hermes Herodes - filho de herói.
Herodíades - filha de herói.
Herodião - filho de herói.
Hirão ou Hirom - O irmão (Deus) é sublime.
Hosana - salva-nos, te pedimos.
Hur - branco.


M

Macabeu - valoroso, ilustre, guerreiro, vingador.
Malalieu - Deus faz resplandecer a sua luz.
Malaquias - meu mensageiro.
Malco - rei.
Manaém - consolador.
Manassés - aquele que faz esquecer.
Mara - amargo.
Marcos - servo de Marte.
Mardoqueu - pertencente ao deus Marduque.
Maria - soberana, senhora ou amada por Javé.
Marta - senhora.
Matatias - presente de Deus.
Mateus - presente de Deus.
Matias - (forma reduzida de Matatias).
Maviael - Deus vivifica.
Melquisedeque - rei da justiça.
Merari - o robusto.
Meribaal - adversário de Baal.
Meribá - contenda.
Messias - o ungido.
Matusael - homem de Deus.
Micael - (Miguel).
Micol - (forma reduzida de Micael).
Miguel - uem é com Deus.
Miquéias - quem é como o Senhor?
Misael - nome derivado de Miguel.
Moabe - do próprio pai.
Moisés - dar à luz, salvo das águas.
Moloque - rei (deus pagão).

terça-feira, 12 de julho de 2011

Heróis da Fé: João Bunyan


Retirado do Livro de Orlando Boyer" Heróis da Fé "

Sonhador imortal
(1628-1688)

"Caminhando pelo deserto deste mundo, parei num sítio onde havia uma caverna (a prisão de Bedford): ali deitei-me para descansar. Em breve adormeci e tive um sonho. Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga e nas mãos um livro".
Faz três séculos que João Bunyan assim iniciou o seu li¬vro, o Peregrino. Os que conhecem as suas obras literárias podem testificar de que ele é, de fato, "o Sonhador Imor¬tal" - "Estando ele morto, ainda fala". Contudo, enquanto miríades de crentes conhecem o Peregrino, poucos conhe¬cem a história da vida de oração desse valente pregador.

Bunyan, na sua obra, Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, nos informa que seus pais, apesar de vive¬rem em extrema pobreza, conseguiram ensiná-lo a ler e es¬crever. Ele mesmo se intitulou a si próprio de "o principal dos pecadores"; outros atestam que era "bem-sucedido" até na impiedade. Contudo, casou-se com uma moça de família cujos membros eram crentes fervorosos Bunyan era funileiro e, como acontecia com todos os funileiros, era paupérrimo; ele não possuía um prato nem uma colher - apenas dois livros: O Caminho do Homem Simples para os Céus e A Prática da Piedade, obras que seu pai, ao falecer, lhe deixara. Apesar de Bunyan achar algumas coisas que lhe interessavam nesses dois livros, somente nos cultos é que se sentiu convicto de estar no caminho para o Inferno.

Descobre-se nos seguintes trechos, copiados de Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, como ele lutava em oração no tempo da sua conversão:
"Veio-me às mãos uma obra dos 'Ranters', livro esti¬mado por alguns doutores. Não sabendo julgar os méritos dessas doutrinas, dediquei-me a orar desta maneira: 'Ó Senhor, não sei julgar entre o erro e a verdade. Senhor, não me abandones por aceitar ou rejeitar essa doutrina cega¬mente; se ela for de ti, não me deixes desprezá-la; se for do Diabo, não me deixes abraçá-la!' - e, louvado seja Deus, Ele que me dirigiu a clamar; desconfiando na minha pró¬pria sabedoria, Ele mesmo me guarda do erro dos 'Ran¬ters'. A Bíblia já era para mim muito preciosa nesse tempo."
"Enquanto eu me sentia condenado às penas eternas, admirei-me de como o próximo se esforçava para ganhar bens terrestres, como se esperasse viver aqui eternamen¬te... Se eu pudesse ter a certeza da salvação da minha al¬ma, como se sentiria rico, mesmo que não tivesse mais para comer a não ser feijão."

"Busquei o Senhor, orando e chorando e do fundo da alma clamei: 'Ó Senhor, mostra-me, eu te rogo, que me amas com amor eterno!' Logo que clamei, voltaram para mim as palavras, como um eco: 'Eu te amo com amor eter¬no!' Deitei-me para dormir em paz e, ao acordar, no dia se¬guinte, a mesma paz permanecia na minha alma. O Se¬nhor me assegurou: 'Amei-te enquanto vivias no pecado, amei-te antes, amo-te depois e amar-te-ei por todo o sem¬pre'."

"Certa manhã, enquanto tremia na oração, porque pensava que não houvesse palavra de Deus para me sosse¬gar, Ele me deu esta frase: 'A minha graça te basta'."O meu entendimento foi tão iluminado como se o Se¬nhor Jesus olhasse dos céus para mim, pelo telhado da ca¬sa, e me dirigisse essas palavras. Voltei para casa choran¬do, transbordando de gozo e humilhado até o pó."

"Contudo, certo dia, enquanto andava no campo, a consciência inquieta, de repente estas palavras entraram na minha alma: 'Tua justiça está nos céus.' E parecia que, com os olhos da alma, via Jesus Cristo à destra de Deus, permanecendo ali como minha justiça... Vi, além disso, que não é o meu bom coração que torna a minha justiça melhor, nem que a prejudica; porque a minha justiça é o próprio Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre. As ca¬deias então caíram-me das pernas; fiquei livre das angús¬tias; as tentações perderam a força; o horror da severidade de Deus não mais me perturbava, e voltei para casa regozijando-me na graça e no amor de Deus. Não achei na Bíblia a frase: 'Tua justiça está nos céus.' Mas achei 'o qual para nós foi feito por Deus sabedoria e justiça, e santificação, e redenção' (1 Coríntios 1.30) e vi que a outra frase era ver¬dade.

"Enquanto eu assim meditava, o seguinte trecho das Escrituras penetrou no meu espírito com poder: 'Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou.' Assim fui levantado para as al¬turas e me achava nos braços da graça e misericórdia. An¬tes temia a morte, mas depois clamei: 'Quero morrer.' A morte tornou-se para mim uma coisa desejável. Não se vive verdadeiramente antes de passar para a outra vida. 'Oh!' - pensava eu - 'esta vida é apenas um sonho em com¬paração à outra!' Foi nessa ocasião que as palavras 'her¬deiros de Deus' se tornaram tão cheias de sentido, que eu não posso explicar aqui neste mundo. 'Herdeiros de Deus!' O próprio Deus é a porção dos santos. Isso vi e disso me ad¬mirei, contudo, não posso contar o que vi... Cristo era um Cristo precioso na minha alma, era o meu gozo; a paz e o triunfo por Cristo eram tão grandes que tive dificuldade em conter-me e ficar deitado."

Bunyan, na sua luta para sair da escravidão do vício e do pecado, não fechava a alma dos perdidos que ignora¬vam os horrores do inferno. Acerca disto ele escreveu:
"Percebi pelas Escrituras que o Espírito Santo não quer que os homens enterrem os seus talentos e dons, mas antes que despertem esses dons... Dou graças a Deus, por me haver concedido uma medida de entranhas e compai¬xão, pela alma do próximo, e me enviou a esforçar-me grandemente para falar uma palavra que Deus pudesse usar para apoderar-se da consciência e despertá-la. Nisso o bom Senhor respondeu ao apelo de seu servo, e o povo co¬meçou a mostrar-se comovido e angustiado de espírito ao perceber o horror do seu pecado e a necessidade de aceitar a Jesus Cristo."
"De coração, clamei a Deus com grande insistência que Ele tornasse a Palavra eficaz para a salvação da alma... De fato, disse repetidamente ao Senhor que, se o meu enforca¬mento perante os olhos dos ouvintes servisse para desper¬tá-los e confirmá-los na verdade, eu o aceitaria alegremen¬te."

"O maior anelo em cumprir meu ministério era o de en¬trar nos lugares mais escuros do país... Na pregação, real¬mente, sentia dores de parto para que nascessem filhos para Deus. Sem fruto, não ligava importância a qualquer louvor aos meus esforços; com fruto, não me importava com qualquer oposição."

Os obstáculos que Bunyan tinha de encarar eram mui¬tos e variados. Satanás, vendo-se grandemente prejudica¬do pela obra desse servo de Deus, começou a levantar bar¬reiras de todas as formas. Bunyan resistia fielmente a to¬das as tentações de vangloriar-se sobre o fruto de seu mi¬nistério e cair na condenação do Diabo. Quando, certa vez, um dos ouvintes lhe disse que pregara um bom sermão, ele respondeu: "Não precisa dizer-me isso, o Diabo já cochi¬chou a mesma coisa no meu ouvido antes de sair da tribuna."

Então o inimigo das almas suscitou os ímpios para ca¬luniá-lo e espalhar boatos em todo o país, a fim de induzi-lo a abandonar seu ministério. Chamavam-no de feiticeiro, jesuíta, cangaceiro e afirmavam que vivia amancebado, que tinha duas esposas e que os seus filhos eram ilegítimos.

Quando o Maligno falhou em todos esses planos de des¬viar Bunyan do seu ministério glorioso, os inimigos denunciaram-no por não observar os regulamentos dos cultos da igreja oficial. As autoridades civis o sentenciaram à prisão perpétua, recusando terminantemente a revogação da sen¬tença, apesar de todos os esforços de seus amigos e dos ro¬gos da sua esposa - tinha de ficar preso até se comprometer a não mais pregar.

Acerca da sua prisão, ele diz: "Nunca tinha sentido a presença de Deus ao meu lado em todas as ocasiões como depois de ser encerrado... fortalecendo-me tão ternamente com esta ou aquela Escritura até me fazer desejar, se fosse lícito, maiores provações para receber maiores consola¬ções".

"Antes de ser preso, eu previa o que aconteceria, e duas coisas ardiam no coração, acerca de como podia encarar a morte, se chegasse a tal ponto. Fui dirigido a orar pedindo a Deus me fortalecesse com toda a força, segundo o poder da sua glória, em toda a fortaleza e longanimidade, dando com alegria graças ao Pai. Quase nunca orei, durante o ano antes de ser preso, sem que essa Escritura me entrasse na mente e eu compreendesse que para sofrer com toda a pa¬ciência devia ter toda a fortaleza, especialmente para so¬frer com alegria."

"A segunda consideração foi na passagem que diz: 'Mas nós temos tido dentro de nós mesmos a sentença de morte para que não confiássemos em nós mesmos, porém em Deus que ressuscita os mortos'. Cheguei a ver, por essa Escritura que, se eu chegasse a ponto de sofrer como devia, primeiramente tinha de sentenciar à morte todas as coisas que pertencem à nossa vida, considerando-me a mim mes¬mo, minha esposa, meus filhos, a saúde, os prazeres, tudo, enfim, como mortos para comigo e eu morto para com eles.

"Resolvi, como Paulo disse, não olhar para as coisas que se vêem, mas sim, para as que se não vêem, porque as coisas que se vêem, são temporais, mas as coisas que se não vêem, são eternas. E compreendi que se eu fosse prevenido apenas de ser preso, poderia, de improviso, ser chamado, também, para ser açoitado, ou amarrado ao pelourinho. Ainda que esperasse apenas esses castigos, não suportaria o castigo de desterro. Mas a melhor maneira para passar os sofrimentos seria confiar em Deus, quanto ao mundo vindouro; quanto a este mundo, devia considerar o sepulcro como minha morada, estender o meu leito nas trevas, dizer à corrupção: Tu és meu pai', e aos vermes: 'Vós sois minha mãe e minha irmã' (Jó 17.13,14).

"Contudo, apesar desse auxílio, senti-me um homem cercado de fraquezas. A separação da minha esposa e de nossos filhos, aqui na prisão torna-se, às vezes, como se fosse a separação da carne dos ossos. E isto não somente porque me lembro das tribulações e misérias que meus queridos têm de sofrer; especialmente a filhinha cega. Mi¬nha pobre filha, quão triste é a tua porção neste mundo! Serás maltratada, pedirás esmolas; passarás fome, frio, nudez e outras calamidades! Oh! os sofrimentos da minha ceguinha quebrar-me-iam o coração aos pedaços!"

"Eu meditava muito, também, sobre o horror ao Infer¬no para os que temiam a Cruz a ponto de se recusarem a glorificar a Cristo, suas palavras e leis perante os filhos dos homens. Além do mais, pensava sobre a glória que Ele pre¬parara para os que, em amor, fé e paciência, testificavam dele. A lembrança destas coisas serviam para diminuir a mágoa que sentia ao lembrar-me de que eu e meus queri¬dos sofriam pelo testemunho de Cristo".

Nem todos os horrores da prisão abalaram o espírito de João Bunyan. Quando lhes ofereciam a sua liberdade sob a condição de ele não pregar mais, respondia: "Se eu sair hoje da prisão, pregarei amanhã, com o auxílio de Deus".
Mas se alguém pensar que, afinal de contas, João Bu¬nyan era apenas um fanático, deve ler e meditar sobre as obras que nos deixou: Graça Abundante ao Principal dos Pecadores; Chamado ao Ministério; O Peregrino; A Pere¬grina; A Conduta do Crente; A Glória do Templo; O Peca¬dor de Jerusalém é Salvo; As Guerras da Famosa Cidade de Alma-humana; A vida e a Morte de Homem Mau; O Sermão do Monte; A Figueira Infrutífera; Discursos Sobre Oração; O Viajante Celestial; Gemidos de Uma Alma no Inferno; A Justificação é Imputada, etc.

Passou mais de doze anos encarcerado. É fácil dizer que foram doze longos anos, mas é difícil conceber o que isso significa - passou mais da quinta parte da sua vida na prisão, na idade de maior energia. Foi um quacre, chamado Whitehead, que conseguiu a sua libertação. Depois de liberto, pregou em Bedford, Londres, e muitas outras cida¬des. Era tão popular, que foi alcunhado de "Bispo Bu¬nyan". Continuou o seu ministério fielmente até a idade de sessenta anos, quando foi atacado de febre e faleceu. O seu túmulo é visitado por dezenas de milhares de pessoas.
- Como se explica o êxito de João Bunyan? O orador, o escritor, o pregador, o professor da Escola Dominical e o pai de família, cada um conforme o seu ofício, pode lucrar grandemente com um estudo do estilo e méritos de seus es¬critos, apesar de ele ter sido apenas um humilde funileiro, sem instrução.

- Mas como se pode explicar o maravilhoso sucesso de Bunyan? Como pode um iletrado pregar como ele pregava e escrever num estilo capaz de interessar à criança e ao adulto; ao pobre e ao rico; ao douto e ao indouto? A única explicação do seu êxito é que "ele era um homem em cons¬tante comunhão com Deus". Apesar de seu corpo estar preso no cárcere, a sua alma estava liberta. Porque foi ali, numa cela, que João Bunyan teve as visões descritas nos seus livros - visões muito mais reais do que os seus perse¬guidores e as paredes que o cercavam. Depois de desapare¬cerem os perseguidores da terra e as paredes caírem em pó, o que Bunyan escreveu continua a iluminar e alegrar a to¬das as terras e a todas as gerações.

O que vamos citar mostra como Bunyan lutava com Deus em oração:
"Há, na oração, o ato de desvelar a própria pessoa, de abrir o coração perante Deus, de derramar afetuosamente a alma em pedidos, suspiros e gemidos. 'Senhor', disse Da¬vi, 'diante de ti está todo o meu desejo e o meu gemido não te é oculto' (Salmo 38.9). E outra vez: 'A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresen¬tarei ante a face de Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma!' (Salmo 42.2-4). Note: 'Derramo a minha alma!' é um termo demonstrativo de que em oração sai a própria vida e toda a força para Deus".
Em outra ocasião escreveu: "As melhores orações con¬sistem, às vezes, mais de gemidos do que de palavras e estas palavras não são mais que a mera representação do co¬ração, vida e espírito de tais orações".
Como ele insistia e importunava em oração a Deus, é claro no trecho seguinte: "Eu te digo: Continua a bater, chorar, gemer e prantear; se Ele se não levantar para te dar, porque és seu amigo, ao menos por causa da tua im¬portunação, levantar-se-á para dar-te tudo o que precisares".

Sem contestação, o grande fenômeno da vida de João Bunyan consistia no seu conhecimento íntimo das Escritu¬ras, as quais amava; e na perseverança em oração ao Deus que adorava. Se alguém duvidar de que Bunyan seguia a vontade de Deus nos doze longos anos que passou na prisão de Bedford, deve lembrar-se de que esse servo de Cristo, ao escrever O Peregrino, na prisão de Bedford, pregou um ser¬mão que já dura quase três séculos e que hoje é lido em cento e quarenta línguas. É o livro de maior circulação de¬pois da Bíblia. Sem tal dedicação a Deus, não seria possí¬vel conseguir o incalculável fruto eterno desse sermão pre¬gado por um funileiro cheio da graça de Deus!

Heróis da Fé: Martinho Lutero


Retirado do livro de Orlando Boyer " Heróis da Fé "

O grande reformador
(1483-1546)

No cárcere, sentenciado pelo Papa a ser queimado vivo, João Huss disse: "Podem matar o ganso (na sua língua, 'huss' é ganso), mas daqui a cem anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar".
Enquanto caía a neve, e o vento frio uivava como fera em redor da casa, nasceu esse "cisne", em Eisleben, Ale¬manha. No dia seguinte, o recém-nascido era batizado na Igreja de São Pedro e São Paulo. Sendo o dia de São Martinho, recebeu o nome de Martinho Lutero.

Cento e dois anos depois de João Huss expirar na fo¬gueira, o "cisne" afixou, na porta da Igreja em Wittenberg, as suas noventa e cinco teses contra as indulgências, ato que gerou a Grande Reforma. João Huss enganara-se em apenas dois anos, na sua predição.
Para dar o valor devido à obra de Martinho Lutero, é necessário notar algo das trevas e confusão dos tempos em que nasceu.

Calcula-se que, pelo menos, um milhão de albigenses foram mortos na França, a fim de cumprir a ordem do Pa¬pa, para que esses "hereges" fossem cruelmente extermi¬nados. Wyclif, "a Estrela da Alva da Reforma", traduzira a Bíblia para a língua inglesa. João Huss, discípulo de Wy¬clif, morrera na fogueira, na Boêmia, suplicando ao Senhor que perdoasse aos seus perseguidores. Jerônimo de Praga, companheiro de Huss e também erudito, sofrera o mesmo suplício, cantando hinos, nas chamas, até o último suspi¬ro. João Wessália, notável pregador de Erfurt, fora preso por ensinar que a salvação é pela graça; seu frágil corpo fora metido entre ferros, onde morreu quatro anos antes do nascimento de Lutero. Na Itália, quinze anos depois de Lutero nascer, Savonarola, homem dedicado a Deus e fiel pregador da Palavra, foi enforcado e seu corpo reduzido a cinzas, por ordem da Igreja Romana.
Em tempos assim, nasceu Martinho Lutero. Como muitos dos mais célebres entre os homens, era de família pobre. Dizia ele: "Sou filho de camponeses; meu pai, meu avô e meu bisavô eram verdadeiros camponeses". A isso acrescentava: "Há tanta razão para vangloriarmo-nos de nossa ascendência, quanto há para o Diabo se orgulhar da sua linhagem angélica".

Os pais de Martinho, para vestir, alimentar e educar seus sete filhos, esforçavam-se incansavelmente. O pai tra¬balhava nas minas de cobre; a mãe, além do serviço do¬méstico, trazia lenha às costas, da floresta.
Os pais, não somente se interessavam pelo desenvolvi¬mento físico e intelectual dos filhos, mas também do espi¬ritual. O pai, quando Martinho chegou à idade de com¬preender, ensinou-o a ajoelhar-se ao lado da sua cama, à noite, e rogava a Deus que fizesse o menino lembrar-se do nome de seu Criador (Eclesiastes 12.1)..

A sua mãe era sincera e devota; ensinou seus filhos a considerarem todos os monges como homens santos, e a sentirem todas as transgressões dos regulamentos da igreja como transgressões das leis de Deus. Martinho aprendeu os Dez Mandamentos, o "Pai Nosso", a respeitar a Santa Sé na distante e sagrada Roma, e a olhar, tremendo, para qualquer osso ou fragmento de roupa que tivesse pertencido a algum santo. A base da sua religião formava-se mais em que Deus é um juiz vingativo, do que um amigo de crianças (Mateus 19.13-15). Quando já era adulto, Lutero escreveu: "Estremecia e tornava-me pálido ao ouvir al¬guém mencionar o nome de Cristo, porque fui ensinado a considerá-lo como um juiz encolerizado. Fomos ensinados que devíamos, nós mesmos, fazer propiciação por nossos pecados; que não podemos fazer compensação suficiente por nossa culpa, que é necessário recorrer aos santos nos céus, e clamar a Maria para desviar de nós a ira de Cristo."
O pai de Martinho, satisfeitíssimo pelos trabalhos esco¬lares do filho, na vila onde morava, mandou-o, aos treze anos, para a escola franciscana na cidade de Magdeburgo.

O moço apresentava-se freqüentemente no confessio¬nário, onde o padre lhe impunha penitências e o obrigava a praticar boas obras, para obter a absolvição. Esforçava-se incessantemente para adquirir o favor de Deus, pela pieda¬de, desejo esse que o levou mais tarde à vida de convento.

Para conseguir a sua subsistência em Magdeburgo, Martinho era obrigado a esmolar pelas ruas, cantando can¬ções de porta em porta. Seus pais, achando que em Eisenach passaria melhor, mandaram-no para estudar nessa cidade, onde moravam parentes de sua mãe. Porém esses parentes não o auxiliaram, e o moço continuou a mendigar o pão.
Quando estava a ponto de abandonar os estudos, j)ara trabalhar com as mãos, certa senhora de recursos, D. Ursula Cota, atraída por suas orações na igreja e comovida pela humilde maneira de receber quaisquer restos de comida, na porta, acolheu-o entre a família. Pela primeira vez Lu¬tero sentira fartura. Mais tarde, ele referia-se à cidade de Eisenach como a "cidade bem amada". Quando Lutero se tornou famoso, um dos filhos da família Cota cursava em Wittenberg, onde Lutero o recebeu na sua casa.

Domiciliado na casa da sua extremosa mãe adotiva, D. Ursula, Martinho desenvolveu-se rapidamente, recebendo uma sólida educação. Seu mestre, João Trebunius, era ho¬mem culto e de métodos esmerados. Não maltratava os alunos como os demais mestres. Conta-se que, ao encon¬trar os moços da sua escola, cumprimentava-os tirando o chapéu, porque "ninguém sabia quais seriam dentre eles os doutores, regentes, chanceleres e reis..." O ambiente da escola e no lar era-lhe favorável para produzir um caráter forte e inquebrantável, tão necessário para enfrentar os mais temíveis inimigos de Deus.

Martinho Lutero era mais sóbrio e devoto que os de¬mais rapazes da sua idade. Acerca deste fato, D. Ursula, na hora da morte, disse que Deus tinha abençoado o seu lar grandemente desde o dia em que Lutero entrara em sua casa.
Logo depois, os pais de Martinho alcançaram certa abastança. O pai alugou um forno para fundição de cobre e depois passou a possuir mais dois. Foi eleito vereador na sua cidade e começou a fazer planos para educar seus fi¬lhos. Mas Martinho nunca se envergonhou dos dias da sua provação e miséria; antes reconhecia que fora a mão de Deus dirigindo-o e qualificando-o para a sua grande obra.

- Como poderia alguém, depois de homem feito, encarar fiel e destacadamente as vicissitudes da vida, se não aprendesse por experiência enquanto era jovem?
Aos dezoito anos, Martinho ansiava estudar numa uni¬versidade. Seu pai, reconhecendo a idoneidade do filho, enviou-o a Erfurt, o centro intelectual do país, onde cursa¬vam mais de mil estudantes. O moço estudou com tanto afinco que, no fim do terceiro semestre, obteve o grau de bacharel em filosofia. Com a idade de vinte e um anos, al¬cançou o segundo grau acadêmico e o de doutor em filoso¬fia. Os estudantes, professores e autoridades prestaram-lhe significativa homenagem.
Havia dentro dos muros de Erfurt, cem prédios que pertenciam à igreja, inclusive oito conventos. Havia, tam¬bém uma importante biblioteca, que pertencia à universi¬dade, e aí Lutero passava todo o tempo de que podia dis¬por. Sempre suplicava fervorosamente a Deus que o aben¬çoasse nos estudos. Dizia ele: "Orar bem é a melhor parte dos estudos." Acerca dele escreveu certo colega: "Cada manhã ele precede seus estudos com uma visita à igreja e uma prece a Deus".Seu pai, desejoso de que seu filho se formasse em direi¬to e se tornasse célebre, comprou-lhe a caríssima obra: "Corpus Juris".

Mas a alma de Lutero suspirava por Deus, acima de to¬das as coisas. Vários acontecimentos influenciaram-no a entrar para a vida monástica, passo que entristeceu pro¬fundamente seu pai e horrorizou seus companheiros de universidade.
Primeiro, achou na biblioteca o maravilhoso Livro dos livros, a Bíblia completa, em latim. Até aquela ocasião, supunha que as pequenas porções escolhidas pela igreja para serem lidas aos domingos, constituíssem o todo da Palavra de Deus. Depois de uma longa leitura, exclamou: "Oh! se a Providência me desse um livro como este, só para mim!" Continuando a ler as Escrituras, o seu coração começou a perceber a luz, e a sua alma a sentir ainda mais sede de Deus.

A essa altura, quando se bacharelou, os estudos custa¬ram-lhe uma doença que o levou às portas da morte. As¬sim, a fome pela Palavra de Deus ficou ainda mais enrai¬zada no coração de Lutero. Algum tempo depois da sua doença, em viagem para visitar a família, sofreu um golpe de espada, e duas vezes quase morreu antes de um cirur¬gião conseguir pensar-lhe a ferida. Para Lutero, a salvação da sua alma ultrapassava qualquer outro anelo.
Certo dia, um de seus íntimos amigos na Universidade foi assassinado. "Ah!" exclamou Lutero, horrorizado, "o que seria de mim se eu tivesse sido chamado desta para a outra vida tão inopinadamente!"

Mas, de todos esses acontecimentos, o que mais o aba¬lou em espírito, foi o que experimentou durante uma terrí¬vel tempestade, quando voltava de visitar seus pais. Não havia abrigo próximo. Os céus estavam em brasa, os raios rasgavam as nuvens a cada instante. De repente um raio caiu ao seu lado. Lutero, tomado de grande susto, e sentin¬do-se perto do Inferno, prostrou-se gritando: "Sant'Ana, salva-me e tornar-me-ei monge!"

Lutero chamava a esse incidente "A minha estrada, ca¬minho de Damasco" e não tardou em cumprir a sua pro¬messa feita a Sant'Ana. Convidou então os seus colegas para cearem com ele. Depois da refeição, enquanto eles se divertiam com palestras e música, repentinamente anun¬ciou-lhes que dali em diante poderiam considerá-lo como morto, pois ia entrar para o convento. Debalde os seus companheiros procuraram dissuadi-lo do seu plano. Na es¬curidão da mesma noite, o moço, antes de completar vinte e dois anos, dirigiu-se ao convento dos agostinianos e ba¬teu. A porta abriu-se e Lutero entrou. O professor admira¬do e festejado, a glória da universidade, aquele que passara os dias e as noites curvado sobre os livros, tornara-se irmão agostiniano!

O mosteiro dos agostinianos era o melhor dos claustros de Erfurt. Seus monges eram os pregadores da cidade, esti¬mados por suas obras entre os pobres e oprimidos. Nunca houve um monge naquele convento mais submisso, mais devoto, mais piedoso, do que Martinho Lutero. Submetia-se aos serviços mais humildes, como o de porteiro, coveiro, varredor da igreja e das celas dos monges. Não recusava mendigar o pão cotidiano para o convento, nas ruas de Er¬furt.

Durante o ano de noviciado, antes de Lutero ser feito monge, os seus amigos fizeram tudo para dissuadi-lo de confirmar esse passo. Os companheiros, que convidara para cearem com ele, quando anunciou a sua intenção de ser monge, ficaram no portão do convento dois dias, espe¬rando que ele voltasse. Seu pai, vendo que seus rogos eram inúteis e que todos os seus anelantes planos acerca do filho iam fracassar, quase enlouqueceu.
Assim se justificou Lutero: "Fiz a promessa a Sant'A¬na, para salvar a minha alma. Entrei para o convento e aceitei esse estado espiritual somente para servir a Deus e ser-lhe agradável durante a eternidade."

Quão grande, porém, era a sua ilusão. Depois de procu¬rar crucificar a carne pelos jejuns prolongados, pelas priva¬ções mais severas, e com vigílias sem conta, achou que, embora encarcerado na sua cela, tinha ainda de lutar con¬tra os maus pensamentos. A sua alma clamava: "Dá-me santidade ou morro por toda a eternidade; leva-me ao rio de água pura e não a estes mananciais de águas poluídas; traze-me as águas da vida que saem do trono de Deus!"Certo dia Lutero achou, na biblioteca do convento, uma velha Bíblia latina, presa à mesa por uma cadeia. Achara, enfim, um tesouro infinitamente maior que todos os tesouros literários do convento. Ficou tão embevecido que, durante semanas inteiras, deixou de repetir as orações diurnas da ordem. Então, despertado pelas vozes da sua consciência, arrependeu-se da sua negligência: era tanto o remorso, que não podia dormir. Apressou-se a reparar o seu erro: fê-lo com tanto anseio que não se lembrava de ali¬mentar-se.

Então, enfraquecidíssimo por tantos jejuns e vigílias, sentiu-se oprimido pelas apreensões até perder os sentidos e cair por terra. Aí os outros monges o acharam, admirados novamente de sua excepcional piedade! Lutero somente voltou a si depois de um grupo de coristas o haver rodeado, cantando. A suave harmonia penetrou-lhe o coração e des¬pertou o seu espírito. Porém ainda assim lhe faltava a paz perpétua para a alma; ainda não havia ouvido cantar o coro celestial: "Glória a Deus nas maiores alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!"

Nessa altura, o vigário geral da ordem agostiniana, Staupitz, visitou o convento. Era homem de grande discer¬nimento, e devoção enraizada; compreendeu logo o proble¬ma do jovem monge; ofereceu-lhe uma Bíblia na qual Lu¬tero leu que "o justo viverá da fé". Por quanto tempo tinha ele anelado: "Oh! se Deus me desse um livro destes só para mim!" - e agora o possuía!

Na leitura da Bíblia achou grande consolação, mas a obra não podia completar-se em um dia. Ficou mais deter¬minado do que nunca a alcançar paz para a sua alma, na vida monástica, jejuando e passando noites a fio sem dor¬mir. Gravemente enfermo, exclamou: "Os meus pecados! Os meus pecados!" Apesar da sua vida ter sido livre de manchas, como ele afirmava e outros testificavam, sentia sua culpa perante Deus, até que um velho monge lhe lembrou uma palavra do Credo: "Creio na remissão dos pecados". Viu então que Deus não somente perdoara os pe¬cados de Daniel e de Simão Pedro, mas também os seus.

Pouco tempo depois destes acontecimentos, Lutero foi ordenado padre. A primeira missa que celebrou foi um grande evento. O pai, irreconciliável, desde o dia em que o filho abandonara os estudos de advocacia até aquela oca¬sião, assistiu à primeira missa, vindo a cavalo de Mans¬field, com uma boa oferta para o convento, acompanhado por vinte e cinco amigos.

Depois de completar vinte e cinco anos de idade, Lutero foi nomeado para a cadeira de filosofia em Wittenberg, para onde se mudou para viver no convento da sua ordem. Porém a sua alma anelava pela Palavra de Deus, e pelo co¬nhecimento de Cristo. No meio das ocupações do professorado, dedicou-se ao estudo das Escrituras e no primeiro ano conquistou o grau de baccalaureus ad bíblia. Sua alma ardia com o fogo dos céus; de todas as partes acorriam mul¬tidões para ouvir os seus discursos, os quais fluíam abun¬dante e vivamente do seu coração, sobre as maravilhosas verdades reveladas nas Escrituras. Um dos mais afamados professores de Leipzig, conhecido como a "Luz do Mun¬do", disse: "Este frade há de envergonhar todos os douto¬res; há de propalar uma doutrina nova e reformar toda a igreja, porque ele se baseia na Palavra de Cristo, Palavra à qual ninguém no mundo pode resistir, e que ninguém pode refutar, mesmo atacando-a com todas as armas da filoso¬fia.

Um dos pontos iluminantes da biografia de Lutero é a sua visita a Roma. Surgiu uma disputa renhida entre sete conventos dos agostinianos e decidiram deixar os pontos de dissidência para o Papa resolver. Lutero, sendo o ho¬mem mais hábil, mais eloqüente e altamente apreciado e respeitado por todos que o conheciam, foi escolhido para representar o seu convento em Roma.

Fez a viagem a pé, acompanhado de outro monge. Nes¬se tempo Lutero ainda continuava a dedicar-se fiel e intei¬ramente à Igreja Romana. Quando, por fim, chegaram ao ponto da estrada onde se avistava a famosa cidade, Lutero caiu em terra e exclamou: "Saúdo-te, santa cidade!"

Os dois monges passaram um mês em Roma, visitando os vários santuários e os lugares de peregrinação. Lutero celebrou missa dez vezes. Lastimou, ao mesmo tempo, que seus pais ainda não tivessem morrido a fim de poder resga¬tá-los do Purgatório! Um dia, subindo a Santa Escada de joelhos, desejando a indulgência que o chefe da igreja pro¬metia por esse ato, ressoaram nos seus ouvidos como voz de trovão, as palavras de Deus: "O justo viverá da fé". Lutero ergueu-se e saiu envergonhado.
Depois da corrupção generalizada que viu em Roma, a sua alma aderiu à Bíblia mais que nunca. Ao chegar nova¬mente ao seu convento, o vigário geral insistiu em que des¬se os passos necessários para obter o título de doutor, com o qual teria o direito de pregar. Lutero, porém, reconhe¬cendo a grande responsabilidade perante Deus e não que¬rendo ceder, disse: "Não é de pouca importância que o ho¬mem fale em lugar de Deus... Ah! Sr. Dr., fazendo isto, me tirais a vida; não resistirei mais que três meses." O vigário geral respondeu-lhe: "Seja assim, em nome de Deus, pois o Senhor Deus também necessita nos céus de homens dedi¬cados e hábeis".
O coração de Lutero, elevado à dignidade de doutor em teologia, abrasava-se ainda mais do desejo de conhecer as Sagradas Escrituras e foi nomeado pregador da cidade de Wittenberg. Os livros que estudou e as margens cheias de anotações que escreveu em letras miúdas, servem aos eru¬ditos atuais como exemplo de como cuidadosa e minucio¬samente estudava tudo em ordem.

Acerca da grande transformação da sua vida, nesse tempo, ele mesmo escreve: "Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudo da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo consta que a justiça de Deus se revela no Evangelho (vv. 16,17). Eu detestava as palavras: a justiça de Deus, por¬que, conforme fui ensinado, eu a considerava como um atributo do Deus santo que o leva a castigar os pecadores. Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a cons¬ciência perturbada me mostrava que era pecador perante Deus. Assim odiava a um Deus justo, que castiga os peca¬dores... Senti-me ferido de consciência, revoltado intima¬mente, contudo voltava sempre para o mesmo versículo, porque queria saber o que Paulo ensinava. Contudo, de¬pois de meditar sobre esse ponto durante muitos dias e noi¬tes, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra: 'O justo vi¬verá da fé.' Vi então que a justiça de Deus, nesta passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus pela fé, como dádiva."

A alma de Lutero dessa forma saiu da escravidão; ele mesmo escreveu assim: "Então me achei recém-nascido e no Paraíso. Todas as Escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a 'justiça de Deus'. Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do Paraíso."

Depois dessa experiência, pregava diariamente; em certas ocasiões, pregava até três vezes ao dia, conforme ele mesmo conta: "O que o pasto é para o rebanho, a casa para o homem, o ninho para o passarinho, a penha para a cabra rnontês, o arroio para o peixe, a Bíblia é para as almas fiéis. " A luz do Evangelho, por fim, tomara o lugar das tre¬vas e a alma de Lutero abrasava por conduzir os seus ou¬vintes ao Cordeiro de Deus, que tira todo o pecado.

Lutero levou o povo a considerar a verdadeira religião, não como uma mera profissão, ou sistema de doutrinas, mas como vida em Deus. A oração não era mais um exercí¬cio sem sentido, mas o contato do coração com Deus que cuida de nós com um amor indizível. Nos seus sermões, Deus revelou o seu próprio coração a milhares de ouvintes, por meio do coração de Lutero.

Convidado a pregar durante uma convenção dos agostinianos, não deu uma mensagem doutrinai de sabedoria humana, como se esperava, mas fez um discurso ardente contra a língua maldizente dos monges. Os agostinianos, levados pela mensagem, elegeram-no diretor sobre onze conventos!

Lutero não somente pregava a virtude, mas praticava-a, amando verdadeiramente o próximo. Nesse tempo, a peste vinda do Oriente, visitou Wittenberg. Calcula-se que a quarta parte do povo da Europa, inclusive a metade da população alemã, foi ceifada pela morte. Quando professo¬res e estudantes fugiram da cidade, instaram que Lutero fugisse também, porém ele respondeu: - "Para onde hei de fugir? O meu lugar é aqui: o dever não me permite ausen¬tar-me do meu posto até que Aquele que me mandou para aqui me chame. Não que eu deixe de temer a morte, mas espero que o Senhor me dê ânimo". Assim ele ministrava à alma e ao corpo do próximo durante um tempo de aflição e de angústia.
A fama do jovem monge espalhou-se ate longe. Entre¬tanto, sem o reconhecer, enquanto trabalhava incansavel¬mente para a igreja, já havia deixado o rumo liberal que ela seguia em doutrina e prática.

Em outubro de 1517, Lutero afixou à porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, as suas 95 teses, o teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo peca¬do e não a penitência. Lutero afixou as teses ou proposi¬ções para um debate público, na porta da igreja, como era costume nesse tempo. Mas as teses, escritas em latim, fo¬ram logo traduzidas em alemão, holandês e espanhol. An¬tes de decorrido um mês, para surpresa de Lutero, já esta¬vam na Itália, fazendo estremecer os alicerces do velho edifício de Roma. Foi desse ato de afixar as 95 teses da Igreja de Wittenberg, que nasceu a Reforma, isto é, que to¬mou forma o grande movimento de almas que em todo o mundo ansiavam voltar para a fonte pura, a Palavra de Deus. Contudo Lutero não atacara a Igreja Romana, mas antes, pensou fazer a defesa do Papa contra os vendedores de indulgências.

Em agosto de 1518, Lutero foi chamado a Roma para responder a uma denúncia de heresia. Contudo, o eleitor Frederico não consentiu que fosse levado para fora do país; assim Lutero foi intimado a apresentar-se em Augsburgo. "Eles te queimarão vivo", insistiram seus amigos. Lu¬tero, porém, respondeu resolutamente: "Se Deus sustenta a causa, ela será sustentada".

A ordem do núncio do Papa em Augsburgo foi: "Retra¬te-se ou não voltará daqui". Contudo Lutero conseguiu fu¬gir, passando por uma pequena cancela no muro da cida¬de, na escuridão da noite. Ao chegar de novo em Witten¬berg, um ano depois de afixar as teses, era o homem mais popular em toda a Alemanha. Não havia jornais nesse tempo, mas fluíam da pena de Lutero respostas a todos os seus críticos para serem publicadas em folhetos. O que es¬creveu dessa forma, hoje seriam cem volumes.
O célebre Erasmo, da Holanda, assim escreveu a Lute¬ro: "Seus livros estão despertando todo o país... Os mais eminentes da Inglaterra gostam de seus escritos..."

Quando a bula de excomunhão, enviada pelo Papa, chegou em Wittenberg, Lutero respondeu com um tratado dirigido ao Papa Leão X, exortando-o, no nome do Senhor, a que se arrependesse. A bula do Papa foi queimada fora do muro da cidade de Wittenberg, perante grande ajunta¬mento do povo. Assim escreveu Lutero ao vigário geral: "No momento de queimar a bula, estava tremendo e oran¬do, mas agora estou satisfeito de ter praticado este ato enérgico". Lutero não esperou até que o Papa o excomun¬gasse, mas deu logo o pulo da Igreja Romana para a Igreja do Deus vivo.
Porém, o imperador Carlos V, que ia convocar sua pri¬meira Dieta na cidade de Worms, queria que Lutero com¬parecesse para responder, pessoalmente, aos seus acusado¬res. Os amigos de Lutero insistiam em que recusasse ir. -Não fora João Huss entregue a Roma para ser queimado, apesar da garantia de vida da parte do imperador?! Mas em resposta a todos que se esforçavam por dissuadi-lo de comparecer perante seus terríveis inimigos, Lutero, fiel à chamada de Deus, respondeu: "Ainda que haja em Worms, tantos demônios quantas sejam as telhas nos te¬lhados, confiando em Deus, eu aí entrarei". Depois de dar ordens acerca do trabalho, no caso de ele não voltar, par¬tiu.

Na sua viagem para Worms, o povo afluía em massa para ver o grande homem que teve coragem de desafiar a autoridade do Papa. Em Mora, pregou ao ar livre, porque as igrejas não mais comportavam as multidões que que¬riam ouvir seus sermões. Ao avistar as torres das igrejas de Worms, levantou-se na carroça em que viajava e cantou o seu hino, o mais famoso da Reforma: "Ein Feste Berg", isto é: ''Castelo forte é nosso Deus". Ao entrar, por fim, na cidade, estava acompanhado de uma multidão de povo muito maior do que a que fora ao encontro de Carlos V. No dia seguinte foi levado perante o imperador, ao lado do qual se achavam o delegado do Papa, seis eleitores do im¬pério, vinte e cinco duques, oito margraves, trinta cardeais e bispos, sete embaixadores, os deputados de dez cidades e grande número de príncipes, condes e barões.

É fácil imaginar que o reformador era um homem de grande coragem e de físico forte para enfrentar tantas feras que ansiavam despedaçar-lhe o corpo. A verdade é que passara uma grande parte da vida afastado dos homens e, mais ainda, achava-se fraco da viagem, na qual foi neces¬sário que um médico o atendesse. Entretanto mostrou-se corajoso, não na sua própria força, mas no poder de Deus.

Sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais imponentes assembléias de autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou a noite anterior de vigília. Prostrado com o rosto em terra, lutou com Deus, chorando e suplicando. Um dos seus amigos ouviu-o orar assim: "Oh! Deus todo-poderoso! a carne é fraca, o Diabo é forte! Ah! Deus, meu Deus, que perto de mim estejas con¬tra a razão e a sabedoria do mundo! Fá-lo, pois somente tu o podes fazer. Não é a minha causa, mas sim a tua. - Que tenho eu com os grandes da terra? É a tua causa, Senhor, a tua justa e eterna causa. Salva-me, oh! Deus fiel! Somente em ti confio, oh! Deus! meu Deus... vem, estou pronto a dar, como um cordeiro, a minha vida. O mundo não conse¬guirá prender a minha consciência, ainda que esteja cheio de demônios, e, se o meu corpo tem de ser destruído, a mi¬nha alma te pertence, e estará contigo eternamente..."

Conta-se que, no dia seguinte, na ocasião de Lutero transpor a porta para comparecer perante a Dieta, o vete¬rano general Freudsburgo, colocou a mão no ombro do Re¬formador e disse-lhe: "Pequeno monge, vais a um encontro diferente, que eu ou qualquer outro capitão jamais experi¬mentamos, mesmo nas nossas conquistas mais ensangüen¬tadas. Contudo, se a causa é justa, e sabes que o é, avança no nome de Deus, e não temas nada! Deus não te abando¬nará" - O grande general não sabia que Martinho Lutero vencera a batalha em oração e que entrava somente para declarar-lhes que a havia vencido de maiores inimigos.

Quando o núncio do papa exigiu de Lutero, perante a augusta assembléia, que se retratasse, ele respondeu: "Se não me refutardes pelo testemunho das Escrituras ou por argumentos - desde que não creio somente nos papas e nos concílios, por ser evidente que já muitas vezes se engana¬ram e se contradisseram uns aos outros - a minha cons¬ciência tem de ficar submissa à Palavra de Deus. Não pos¬so retratar-me, nem me retratarei de qualquer coisa, pois não é justo nem seguro agir contra a consciência. Deus me ajude! Amém."

De volta ao seu aposento, Lutero levantou as mãos ao Céu e exclamou com o rosto todo iluminado: "Está cum¬prido! Está cumprido! Se eu tivesse mil cabeças, preferiria que todas fossem decepadas antes de me retratar".
A cidade de Worms, ao receber as notícias da ousada resposta de Lutero ao núncio do papa, alvoroçou-se. As pa¬lavras do reformador foram publicadas e espalhadas entre o povo que afluiu para honrá-lo.

Apesar de os papistas não conseguirem influenciar o imperador a violar o salvo-conduto, para que pudessem queimar numa fogueira o assim chamado herege, Lutero teve de enfrentar outro grave problema. O edito de exco¬munhão entraria imediatamente em vigor; Lutero por cau¬sa da excomunhão, era criminoso e, ao findar o prazo do seu salvo-conduto, devia ser entregue ao imperador; todos os seus livros deviam ser apreendidos e queimados; o ato de ajudá-lo em qualquer maneira era crime capital.

Mas para Deus é fácil cuidar dos seus filhos. Lutero, re¬gressando a Wittenberg, foi repentinamente rodeado num bosque por um bando de cavaleiros mascarados que, de¬pois de despedirem as pessoas que o acompanhavam, con¬duziram-no, alta noite, ao castelo de Wartburgo, perto de Eisenach. Isto foi um estratagema do príncipe de Saxônia para salvar Lutero dos inimigos que planejavam assassiná-lo antes de chegar a casa.

No castelo, Lutero passou muitos meses disfarçado; to¬mou o nome de cavaleiro Jorge e o mundo o considerava morto. Fiéis servos de Deus oravam dia e noite pelo refor¬mador. As palavras do pintor Alberto Durer, exprimem o sentimento do povo: - "Oh! Deus! se Lutero fosse morto, quem agora nos exporia o Evangelho?"

Contudo, no seu retiro, livre dos inimigos, foi-lhe con¬cedida a liberdade de escrever, e o mundo logo soube, pela grande quantidade de literatura, que essa obra saía da sua pena e que, de fato, Lutero vivia. O reformador conhecia bem o hebraico e o grego e em três meses tinha vertido todo o Novo Testamento para o alemão - em poucos meses mais a obra estava impressa e nas mãos do povo. Cem mil exem¬plares foram vendidos, em quarenta anos, além das cin¬qüenta e duas edições impressas em outras cidades. Era circulação imensa para aquele tempo, mas Lutero não aceitou um centavo de direitos.

A maior obra de toda a sua vida, sem dúvida, fora a de dar ao povo alemão a Bíblia na sua própria língua - depois de voltar a Wittenberg. Já havia outras traduções, mas es¬critas em uma forma de alemão latinizado que o povo não compreendia. A língua alemã desse tempo era um agrega¬do de dialetos, mas Lutero, ao traduzir a Bíblia, deu ao povo a língua que serviu depois a homens como Goethe e Schiler para escreverem as suas obras. O seu êxito em tra¬duzir as Sagradas Escrituras para o uso dos mais humil¬des, verifica-se no fato de que, depois de quatro séculos, a sua tradução permanece como a principal.

Outra coisa que contribuiu para o êxito da tradução de Lutero, é que ele era erudito em hebraico e grego e tradu¬ziu direto das línguas originais. Contudo, o valor da sua obra não se baseia tão-somente sobre seus indiscutíveis do¬tes literários. O que lhe deu realidade é que ele conhecia a Bíblia, como ninguém podia conhecê-la, sem primeiro sen¬tir a angústia eterna e achar nas Escrituras a verdadeira e profunda consolação. Lutero conhecia intimamente e amava sinceramente o autor do Livro. O resultado foi que o seu coração abrasou-se com o fogo e poder do Espírito Santo. Foi esse o segredo de ele traduzir tudo para o ale¬mão em tão pouco tempo.

Como todo mundo sabe, a fortaleza de Lutero e da Re¬forma foi a Bíblia. Escreveu de Wartburgo para o seu povo em Wittenberg: "Jamais em todo o mundo se escreveu um livro mais fácil de compreender do que a Bíblia. Compara¬da aos outros livros, é como o sol em contraste com todas as demais luzes. Não vos deixeis levar a abandoná-la sob qualquer pretexto da parte deles. Se vos afastardes dela por um momento, tudo estará perdido; podem levar-vos para onde quer que desejem. Se permanecerdes com as Es¬crituras, sereis vitoriosos."

Depois de abandonar o hábito de monge, Lutero resol¬veu deixar por completo a vida monástica, casando-se com Catarina von Bora, freira que também saíra do claustro, por ver que tal vida é contra a vontade de Deus. O vulto de Lutero sentado ao lume, com a esposa e seis filhos que amava ternamente, inspira os homens mais que o grande herói ao apresentar-se perante o legado em Augsburgo.
Nos cultos domésticos, a família rodeava um harmô¬nio, com o qual louvavam a Deus juntos; o reformador lia o Livro que traduzira para o povo e depois louvavam a Deus e oravam até sentirem a presença divina entre eles.

Havia entre Lutero e sua esposa profundo amor de um para com o outro. São de Lutero estas palavras: "Sou rico, Deus me deu a minha freira e três filhos; não me importo das dívidas: Catarina paga tudo." Catarina von Bora era estimada por todos. Alguns, de fato, censuravam-na por¬que era demasiado econômica; mas que teria acontecido a Martinho Lutero e à família se ela tivesse feito como ele? Dizia-se que ele, aproveitando-se da doença dela, cedeu o seu prato de comida a certo estudante que estava com fo¬me. Não aceitava um kreuzer dos seus alunos e recusava vender seus escritos, deixando todo o lucro para os tipógra¬fos.

Nas suas meditações sobre as Escrituras, muitas vezes se esquecia das refeições. Ao escrever o comentário sobre o Salmo 23, passou três dias no quarto comendo somente pão e sal. Quando a esposa chamou um serralheiro e quebraram a fechadura, acharam-no escrevendo, mergu¬lhado em pensamentos e esquecido de tudo em redor.
É difícil concebermos a magnitude das coisas que deve¬mos atualmente a Martinho Lutero. O grande passo que deu para que o povo ficasse livre para servir a Deus, como Ele mesmo ensina, está além da nossa compreensão. Era grande músico e escreveu alguns dos hinos mais espirituais cantados atualmente. Compilou o primeiro hinário e inau¬gurou o costume de todos os assistentes aos cultos canta¬rem juntos.

Insistiu em que não somente os do sexo mascu¬lino, mas também os do feminino fossem instruídos, tornando-se, assim, o pai das escolas públicas. Antes dele, o sermão nos cultos era de pouca importância. Mas Lutero fez do sermão a parte principal do culto. Ele mesmo serviu de exemplo para acentuar esse costume: era pregador de grande porte. Considerava-se como sendo nada; a mensa¬gem saía-lhe do íntimo do coração: o povo sentia a presen¬ça de Deus. Em Zwiekau pregou a um auditório de 25 mil pessoas na praça pública. Calcula-se que escreveu 180 vo¬lumes na língua materna e quase um número igual no la¬tim. Apesar de sofrer de várias doenças, sempre se esforça¬va dizendo: "Se eu morrer na cama será uma vergonha para o papa."

Os homens geralmente querem atribuir o grande êxito de Lutero à sua extraordinária inteligência e aos seus des¬tacados dons. O fato é que Lutero também tinha o costume de orar horas a fio. Dizia que se não passasse duas horas de manhã orando, recearia que Satanás ganhasse a vitória sobre ele durante o dia. Certo biógrafo seu escreveu: "O tempo que ele passa em oração, produz o tempo para tudo que faz. O tempo que passa com a Palavra vivificante en¬che o coração até transbordar em sermões, correspondên¬cia e ensinamentos".

A sua esposa disse que as orações de Lutero "eram", às vezes, como os pedidos insistentes do seu filhinho Hanschen, confiando na bondade de seu pai; outras vezes, eram como a luta de um gigante na angústia do combate".
Encontra-se o seguinte na História da Igreja Cristã, por Souer, Vol. 3, pág. 406: "Martinho Lutero profetizava, evangelizava, falava línguas e interpretava; revestido de todos os dons do Espírito".

Nos seus sessenta e dois anos pregou seu último sermão sobre o texto: "Ocultaste estas coisas aos sábios e entendi¬dos e as revelaste aos pequeninos". No mesmo dia escreveu para a sua querida Catarina: "Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e Ele te susterá. Amém". Isso foi na última carta que escreveu. Vivia sempre esperando que o papa conse¬guisse executar a repetida ameaça de queimá-lo vivo. Con¬tudo não era essa a vontade de Deus: Cristo o chamou en¬quanto sofria dum ataque do coração, em Eisleben, cidade onde nascera.São estas as últimas palavras de Lutero: "Vou render o espírito". Então louvou a Deus em alta voz: "Oh! meu Pai celeste! meu Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, em quem creio e a quem preguei e confessei, amei e louvei! Oh! meu querido Senhor Jesus Cristo, encomendo-te a mi¬nha pobre alma. Oh! meu Pai celeste! em breve tenho de deixar este corpo, mas sei que ficarei eternamente contigo e que ninguém me pode arrebatar das tuas mãos". Então, depois de recitar João 3.16 três vezes, repetiu as palavras: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito, pois tu me resgataste, Deus fiel". Assim fechou os olhos e adormeceu.
Um imenso cortejo de crentes que o amavam ardente¬mente, com cinqüenta cavaleiros à frente, saiu de Eisleben para Wittenberg; passando pela porta da cidade onde o re¬formador queimara a bula de excomunhão, entrou pelas portas da igreja onde, há vinte e nove anos, afixara suas 95 teses. No culto fúnebre, Bugenhangen, o pastor, e Melancton, inseparável companheiro de Lutero, discursaram. De¬pois abriram a sepultura, preparada ao lado do púlpito, e ali depositaram o corpo.
Quatorze anos depois, o corpo de Melancton achou des¬canso do outro lado do púlpito. Em redor dos dois, jazem os restos mortais de mais de noventa mestres da universi¬dade.

As portas da Igreja do Castelo, destruídas pelo fogo no bombardeio de Wittenberg em 1760, foram substituídas por portas de bronze em 1812, nas quais estão gravadas as 95 teses. Contudo, este homem que perseverou em oração, deixou gravadas, não no metal que perece, mas em cente¬nas de milhões de almas imortais, a Palavra de Deus que dará fruto para toda a eternidade.

Heróis da Fé: Jerônimo Savonarola


Retirado do Livro de Orlando Boyer " Héróis da Fé "

Precursor da Grande Reforma
(1452-1498)

O povo de toda a Itália afluía, em número sempre cres¬cente, a Florença. A famosa Duomo não mais comportava as enormes multidões. O pregador, Jerônimo Savonarola, abrasado com o fogo do Espírito Santo e sentindo a imi¬nência do julgamento de Deus, trovejava contra o vício, o crime e a corrupção desenfreada na própria igreja. O povo abandonou a leitura das publicações torpes e mundanas, para ler os sermões do ardente pregador: deixou os cânticos das ruas, para cantar os hinos de Deus. Em Florença, as crianças fizeram procissões, coletando as máscaras carna¬valescas, os livros obscenos e todos os objetos supérfluos que serviam à vaidade. Com isso formaram em praça pública uma pirâmide de vinte metros de altura e atea¬ram-lhe fogo. Enquanto o monte ardia, o povo cantava hi¬nos e os sinos da cidade dobravam em sinal de vitória.

Se o ambiente político fosse o mesmo que depois veio a ser na Alemanha, o intrépido e devoto Jerônimo Savonaro¬la teria sido o instrumento usado para iniciar a Grande Reforma, em vez de Martinho Lutero. Apesar de tudo, Savonarola tornou-se um dos ousados e fiéis arautos para con¬duzir o povo à fonte pura e às verdades apostólicas regis¬tradas nas Sagradas Escrituras.

Jerônimo era o terceiro dos sete filhos da família. Nas¬ceu de pais cultos e mundanos, mas de grande influência. Seu avô paterno era um famoso médico na corte do duque de Ferrara e os pais de Jerônimo planejavam que o filho ocupasse o lugar do avô. No colégio, era aluno esmerado. Mas os estudos da filosofia de Platão e de Aristóteles, dei¬xaram-lhe a alma sequiosa. Foram, sem dúvida, os escritos de Tomaz de Aquino que mais o influenciaram (a não ser as próprias Escrituras) a entregar inteiramente o coração e a vida a Deus. Quando ainda menino, tinha o costume de orar e, ao crescer, o seu ardor em orar e jejuar aumentou. Passava horas seguidas em oração. A decadência da igreja, cheia de toda a qualidade de vício e pecado, o luxo e a os¬tentação dos ricos em contraste com a profunda pobreza dos pobres, magoavam-lhe o coração. Passava muito tem¬po sozinho, nos campos e à beira do rio Pó, em contempla¬ção perante Deus, ora cantando, ora chorando, conforme os sentimentos que lhe ardiam no peito. Quando ainda jo¬vem, Deus começou a falar-lhe em visões. A oração era a sua grande consolação; os degraus do altar, onde se prostrava horas a fio, ficavam repetidamente molhados de suas lágrimas.

Houve um tempo em que Jerônimo começou a namorar certa moça florentina. Mas quando ela mostrou ser despre¬zo alguém da sua orgulhosa família Strozzi, unir-se a al¬guém da família de Savonarola, Jerônimo abandonou para sempre a idéia de casar-se. Voltou a orar com crescente ar¬dor. Enojado do mundo, desapontado acerca dos seus pró¬prios anelos, sem achar uma pessoa compassiva a quem pudesse pedir conselhos, e cansado de presenciar injusti¬ças e perversidades que o cercavam, coisas que não podia remediar, resolveu abraçar a vida monástica.

Ao apresentar-se no convento, não pediu o privilégio de se tornar monge, mas rogou que o aceitassem para fazer os serviços mais vis, da cozinha, da horta e do mosteiro.Na vida do claustro, Savonarola passava ainda mais tempo em oração, jejum e contemplação perante Deus. Sobrepujava todos os outros monges em humildade, since¬ridade e obediência, sendo apontado para lecionar filoso¬fia, posição que ocupou até sair do convento.

Depois de passar sete anos no mosteiro de Bolongna, frei (irmão) Jerônimo foi para o convento de São Marcos, em Florença. Grande foi o seu desapontamento ao ver que o povo florentino era tão depravado como o dos demais lu¬gares. (Até então ainda não reconhecia que somente a fé em Deus salva o pecador.)
Ao completar um ano no convento de São Marcos, foi apontado instrutor dos noviciados e, por fim, designado pregador do mosteiro. Apesar de ter ao seu dispor uma ex¬celente biblioteca, Savonarola utilizava-se mais e mais da Bíblia como seu livro de instrução.

Sentia cada vez mais o terror e a vingança do Dia do Senhor que se aproxima e, às vezes, entregava-se a trovejar do púlpito contra a impiedade do povo. Eram tão poucos os que assistiam às suas pregações, que Savonarola resol¬veu dedicar-se inteiramente à instrução dos noviciados. Contudo, como Moisés, não podia escapar à chamada de Deus!

Certo dia, ao dirigir-se a uma feira, viu, repentinamen¬te, em visão, os céus abertos e passando perante seus olhos todas as calamidades que sobrevirão à igreja. Então lhe pareceu ouvir uma voz do Céu ordenando-lhe anunciar es¬tas coisas ao povo.
Convicto de que a visão era do Senhor, começou nova¬mente a pregar com voz de trovão. Sob a nova unção do Espírito Santo a sua condenação ao pecado era feita com tanto ímpeto, que muitos dos ouvintes depois andavam atordoados sem falar, nas ruas. Era coisa comum, durante seus sermões, homens e mulheres de todas as idades e de todas as classes romperem em veemente choro.

O ardor de Savonarola na oração aumentava dia após dia e sua fé crescia na mesma proporção. Freqüentemente, ao orar, caía em êxtase. Certa vez, enquanto sentado no púlpito, sobreveio-lhe uma visão, durante a qual ficou imóvel por cinco horas, quando o seu rosto brilhava, e os ouvintes na igreja o contemplavam.
Em toda a parte onde Savonarola pregava, seus ser¬mões contra o pecado produziam profundo terror. Os ho¬mens mais cultos começaram então a assistir às pregações em Florença; foi necessário realizar as reuniões na Duomo, famosa catedral, onde continuou a pregar durante oito anos. O povo se levantava à meia-noite e esperava na rua até a hora de abrir a catedral.

O corrupto regente de Florença, Lorenzo Medici, expe¬rimentou todas as formas: a bajulação, as peitas, as amea¬ças, e os rogos, para induzir Savonarola a desistir de pregar contra o pecado, e especialmente contra a perversidade do regente. Por fim, vendo que tudo era debalde, contratou o famoso pregador, Frei Mariano, para pregar contra Savo¬narola. Frei Mariano pregou um sermão, mas o povo não prestou atenção à sua eloqüência e astúcia, e ele não ousou mais pregar.
Nessa altura, Savonarola profetizou que Lorenzo, o Papa e o rei de Nápoles morreriam dentro de um ano, e as¬sim sucedeu.

Depois da morte de Lorenzo, Carlos VIII, da França, invadiu a Itália e a influência de Savonarola aumentou ainda mais. O povo abandonou a literatura torpe e munda¬na para ler os sermões do famoso pregador. Os ricos socor¬riam os pobres em vez de oprimi-los. Foi neste tempo que o povo fez a grande fogueira, na "piazza" de Florença e quei¬mou grande quantidade de artigos usados para alimentar vícios e vaidade. Não cabia mais, na grande Duomo, o seu imenso auditório.

Contudo, o sucesso de Savonarola foi muito curto. O pregador foi ameaçado, excomungado e, por fim, no ano de 1498, por ordem do Papa, foi queimado em praça pública. Com as palavras: "O Senhor sofreu tanto por mim!", ter¬minou a vida terrestre de um dos maiores e mais dedicados mártires de todos os tempos.
Apesar de ele continuar até a morte a sustentar muitos dos erros da Igreja Romana, ensinava que todos os que são realmente crentes estão na verdadeira Igreja.

Alimentava continuamente a alma com a Palavra de Deus. As margens das páginas da sua Bíblia estão cheias de notas escritas en¬quanto meditava nas Escrituras. Conhecia uma grande parte da Bíblia de cor e podia abrir o livro instantanea¬mente e achar qualquer texto. Passava noites inteiras em oração e foram-lhe dadas revelações quando em êxtase, ou por visões. Seus livros sobre "A Humildade", "A Oração", "O Amor", etc., continuam a exercer grande influência sobre os homens. Destruíram o corpo desse precursor da Grande Reforma, mas não puderam apagar as verdades que Deus, por seu intermédio, gravou no coração do povo.